Palavras Uso quando falo.. quando poeta me escorrem da boca... me fogem, me privam, delatam, devoram me são e me negam me iluminam e me escuridão quando silêncio me plenam quando grito, não.
Descobri e sempre afirmo que amo as pessoas pelos defeitos. Isso é o que as faz pessoas pessoantes... A perfeição busco com a monotonia de quem deseja a eterniadade entre o cair e o voar. Mundo, me viva!
Eu me confesso.. Confesso minha beatitude ao avesso Confesso minha alegria torpe e irascível Confesso que nem lágrima mereço Confesso o barbarismo sensível Eu me desfaço... Desfaço a oração e a fé Desfaço o poeta e o menino Desfaço a crueldade ralé Desfaço esse verso sem tino Eu me amordaço... Amordaço o coração delator Amordaço o grito no escuro Amordaço o fraco e a dor Amordaço esse cântico impuro Amordaçoamor... Dario Pendragon Recitado:
Cala-te Morgana ao avesso, e na minha boca costurada em farpados arames cala o urro que não bramido fecha as brumas mandando o Avalon ao inferno... A magia apodreceu junto com os deuses, e já não me interessam outros mundos de outras fétidas nuances da humanidade, filha torpe de deuses cômicos... Somente ainda malditos sonhos empesteiam minha alma como insetos... E o verme da esperança é imortal, como tudo o que sofre, e ri de meu calvário e já nem sei mais se são aberrações... ou se serei eu. E que nada a não ser palavras toque nenhum estúpido com réstia de bom-senso, já que nenhuma maldição faz sentido, por não ter promessa mais amarga que a realidade. Em nome da vaidade, da tristeza e do amor... Amém
Nada mais que uma matilha de chacais a pretensa sociedade atual. Não há lealdade maior que o interesse nem sensibilidade maior que o ego. Sôfrega trôpega, a honra balbucia cânticos semi esquecidos de esperança ao pó da terra amaldiçoada, e seus ecos são delicadamente oferecidos de volta embrulhados em falácias, com mais um anzol a perfurar a boca ímpia que escorre de iras caladas por tristes frustrações...
Mas não é a miragem que esmorece o beduíno, pois que é feita de ilusão, e não sólida e eterna como meu caráter. E caiam como trigo os espíritos detritos envoltos em corpos vistosos e meneantes olhares magnéticos; não perderá em mil mortes o fio da espada de minha dignidade! Aos que têm fome de vaidade, ofereço-me a devorar, embora não seja eu ração de seu ego, mas é infinita a generosidade da fonte da completude de onde alimento a vaidade te enchendo de mais e mais vazios. A fome eterna dos vivos-mortos, reais em corpos e mentes procuram almas, pois da sua perdida, vendida por imagens, o sustentáculo do digno, caráter, ética, honra, da verdade, lealdade, honestidade, clareza, do íntegro, verdadeiro, transparente, generoso, construtivo, prestimoso, do mútuo, aliado, da empatia; veio a beleza da imagem em fantasia, ladeada por mentiras douradas, toda sorte de brilhantes orgulhos e jóias estereótipas... Feitos de vazios, têm fome de aprender em uma língua que já não compreendem, não podem agarrar o que desejam obter com suas mãos tão afeitas a acariciar que não mais são capazes de amparar, olhos pidões que vêem aparências mas não expressões, embora distinguam entre brilhos de pedras preciosas e lágrimas, observam sem enxergar, desejam sem mais saber querer um sentir que não cabe mais em um coração que já não bate, negocia... O irmão ao seu lado está em pé, mas entremeia o olhar paralelo ao seu, mirando um mesmo horizonte em destino, com furtivos olhares perpendiculares a vigiar-te... A mão que pede clemência oferecendo espinhos de curare te chama a brindar com cicuta por tua própria desgraça regada a lágrimas sem sal ou sentimento, mas com objetivos... Onde estarão os bravos do punho cerrado e dos fios do bigode e da navalha? Onde estarão as filhas da Lua de sentimentos, planos e esperanças? Onde estarão os astros que todos já me parecem cadentes onde não sei mais o que é universo e o que é soberba? Ainda serei eu o maior e último dos idiotas, e nunca haverá uma decadente humanidade que não tenha provado o gosto da minha integridade e ficado em pé. Matarei a todos sem crueldade, pois que morrerão no cáustico horror do reflexo em espelho de Medusa. E será divindade o que terei, ainda que sozinho, se esta for minha sina; mas não me renderei ao senso comum de devorarem-se as carniças. Do suor, vinho; do pó da estrada, gozo; das ilusões, possibilidades; do impossível, arte. E deuses, sigam suas naturezas e dêem-me o que acharem por bem. Não lhes dirijo apelos ou lamentos; troçando ou testando, desaprovo esse meio, pois íntegro os segrego lugares ao meu lado. Acima de mim, só o céu infinito.
Dario Pendragon