Sôfrega trôpega, a honra balbucia cânticos semi esquecidos de esperança ao pó da terra amaldiçoada, e seus ecos são delicadamente oferecidos de volta embrulhados em falácias, com mais um anzol a perfurar a boca ímpia que escorre de iras caladas por tristes frustrações...
Aos que têm fome de vaidade, ofereço-me a devorar, embora não seja eu ração de seu ego, mas é infinita a generosidade da fonte da completude de onde alimento a vaidade te enchendo de mais e mais vazios.
A fome eterna dos vivos-mortos, reais em corpos e mentes procuram almas, pois da sua perdida, vendida por imagens, o sustentáculo do digno, caráter, ética, honra, da verdade, lealdade, honestidade, clareza, do íntegro, verdadeiro, transparente, generoso, construtivo, prestimoso, do mútuo, aliado, da empatia; veio a beleza da imagem em fantasia, ladeada por mentiras douradas, toda sorte de brilhantes orgulhos e jóias estereótipas... Feitos de vazios, têm fome de aprender em uma língua que já não compreendem, não podem agarrar o que desejam obter com suas mãos tão afeitas a acariciar que não mais são capazes de amparar, olhos pidões que vêem aparências mas não expressões, embora distinguam entre brilhos de pedras preciosas e lágrimas, observam sem enxergar, desejam sem mais saber querer um sentir que não cabe mais em um coração que já não bate, negocia...
O irmão ao seu lado está em pé, mas entremeia o olhar paralelo ao seu, mirando um mesmo horizonte em destino, com furtivos olhares perpendiculares a vigiar-te... A mão que pede clemência oferecendo espinhos de curare te chama a brindar com cicuta por tua própria desgraça regada a lágrimas sem sal ou sentimento, mas com objetivos...
Onde estarão os bravos do punho cerrado e dos fios do bigode e da navalha? Onde estarão as filhas da Lua de sentimentos, planos e esperanças? Onde estarão os astros que todos já me parecem cadentes onde não sei mais o que é universo e o que é soberba?
Ainda serei eu o maior e último dos idiotas, e nunca haverá uma decadente humanidade que não tenha provado o gosto da minha integridade e ficado em pé. Matarei a todos sem crueldade, pois que morrerão no cáustico horror do reflexo em espelho de Medusa.
E será divindade o que terei, ainda que sozinho, se esta for minha sina; mas não me renderei ao senso comum de devorarem-se as carniças.
Do suor, vinho; do pó da estrada, gozo; das ilusões, possibilidades; do impossível, arte.
E deuses, sigam suas naturezas e dêem-me o que acharem por bem. Não lhes dirijo apelos ou lamentos; troçando ou testando, desaprovo esse meio, pois íntegro os segrego lugares ao meu lado. Acima de mim, só o céu infinito.
Dario Pendragon