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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Diálogo com Trina e Florbela

 Em dado momento da minha vida estava eu apaixonado... e falava com minha musa por estes meios virtuais quando ela me deu um verso de Florbela Espanca. Ao que respondi em poesia.. e ela me falando versos de Florbela e eu criando tão fluentemente... dialogando...
 E esta foi a Gênese do poema


Elegia em Diálogo
De Trina Amarantha (Bebê) por Florbela Espanca e O Silmarillion por Dario Weisheimer


E u trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o ungüento
Com que sarei a minha própria dor.



Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...

Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.

Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
- Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa do conto: «Era uma vez...»


É a sincronicidade perfeita do universo...
O vórtice..
Helicoidal elíptico incomensurável ad infinitum
Conspirando a favor do Avatar
Cuidado... o vórtice vai sugar você !!!!!!!!!!!!!!!!!
Vê? O vento e tão forte que os olhos mal conseguem entreabrir-se mostrando como tudo gira...
Gira tão forte que misturam-se as vermelhas folhas de inverno e os sonhos da noite de verão...
Sem a certeza da existência mais e jamais... a imaginação cria e extingue tal qual ao toque da minha mão
As montanhas tremulam como reflexo n'água...
Quando o começo se aproxima tanto do fim, tudo já quase faz sentido por nem haver existido...
Arte.. abstrata no concreto do existencialismo da criação arbitrária...
...
Mas você e a única imagem forte ainda...
Onde meus olhos de olhares repousam seguros...
Só te contemplar me mantém coeso...
Pra sustentar meu amor em ti.. ao fim do ter existido...
A criação eu começo outra vez..........................

O h ! não me olhes! Teu olhar me mata
Vem lembrar-me êsse amor que já me déste;
Hoje - quero sòmente um sono amigo,
Por noite de luar, sob um cipreste.

Não basta!
Quero tudo... o cipreste, o luar, a Lua, o amigo, o sono, o amor e você !

Tu me arrancaste a flôr da mocidade
- Palácio vaporoso em que eu vivia!
Que me queres dizer com teus olhares,
Raio d'estrêlas sôbre a lousa fria?

Digo quem sou, o que quero e porque posso
Digo e conjuro o eterno amar
Oceano sem fim
Reinado sem lar...

Que te pedia o poeta? Um pensamento,
Um sorriso de amor, um beijo ardente,
Dormir nos braços teus um dia, ao menos,
Depois lançar-se na voraz corrente.

Na voraz corrente lançar-se-á pois
Pôsto que o vórtice sem ti não vigora
Razão de ser do universo e da aurora
Se perca em mim sem pesar nem demora
Sendo meu amor infinito como em outrora...

E tu, pobre criança, rindo e rindo,
Como em jogo infantil negaste tudo...
E o vale perfumado em que eu cantava
Foi, pouco a pouco, se tornando mudo.

As flores os bichos em silencio inquebrável
Velam o destino do mundo em beltane
Sois comigo o enlace do sentimento palpável
Êxtase do mundo em criar como amante
O próprio amor na natureza inquebrantável

És bôa, eu sei, és terna e compassiva...
Ah! porque meu amor tu não sentiste?
Andava pelo mundo tão altivo,
Junto de ti, mulher, tornei-me triste.

E torna-me irado a mulher no fim do mundo
Graceja meu ser, diz-me meu pensar
Dança em minha sepultura na qual jaz imundo
Resto mortal do poeta sem júbilo e sem penar
Morreu como se nunca fora fecundo
Sem sequer ter existido que não pra te amar...

Essa tristeza vinga, aumenta, cresce,
Vai corroendo o coração, querida;
Quando acabar-se - o coração está velho
E, velho o coração, - findou-se a vida.

Errada de morte está em singela beleza
A vida pois nem no pensar termina
O coração sangra, em vida e vigor lateja
Mas nem dor nem sofrimento o elimina
O sentimento com que a vida o amor corteja
Esperança que encima o todo e germina...

Qual o tesouro final ? Qual o valor do teu ser ?
Adornada em ouro me olha safira o coração esmeralda
Mas dos tesouros o qual mais aprovera-me pertencer
É o coração no marfim da pele alva

Por que me falas de venturas longas,
Por que me apontas um porvir de amores?
E o lume pedes à fogueira extinta,
Doces perfumes a polutas flores?

Porque o fogo rege e domina a vida
Vivo eu por ti em meu mais fiel abandono
Te aponto meu destino de fadado intento
Cuidar de ti em vida e a noite velar teu sono
Ter você pra mim pra ser seu pertence e dono
E da flor o perfume e de tua quintessência o ungüento
O qual me faz ser como escravo e patrono
Pra cantar teu júbilo e o meu lamento

Deixa-me agora repousar tranqüilo,
Deixa-me agora dormitar em paz,
E com teus risos de infernal encanto
Em meu retiro não me tentes mais!

Vai-te, pois sem olhar para traz
Vai-te e me deixa se assim lhe apraz
A razão de ser minha és e será
Mesmo que para me ter um dia tenha
Que olhar para traz e ver como teria sido
Se não tivesse eu de te amar morrido.

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