ativismo, poesia e o que mais eu quiser.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Cravo Meus Dentes

Cravo meus dentes em ti, minha vampira...
 E as lágrimas que me rolam nas faces misturam-se ao sangue teu que me escorre ao canto da boca... Tal qual me lembro do meu sêmem no teu rosto angelical...
 A boca roxa, os olhos negros parados e sem brilho... Já não mais tens olhos pidões me querendo
beijos...
 As marcas das nossas noites ainda sobre a tua pele, agora fria e exangue...
 Inerte em meus braços o teu corpo que me possuia querendo ser minha...
 E o silêncio tranquilo toma o lugar da tua voz enrouquecida sussurando a tentativa de dizer o quão amado eu era...
 Eis a liberdade ! Amarga liberdade !
 Arfando atrás de um ar que finalmente não tivesse o teu cheiro, olho o céu e vejo estrelas...
 Vejo horizontes e sinto frio...
 Minhas pernas sem as tuas em tôrno... Meu suor secando e minha boca sem saliva...
 Valha-me Deus, eu tinha razão, ainda há um mundo além de nós dois...
 E os céus e a terra não são teus olhos e teus peitos...
 E o fogo e a água não são teu sexo e teu gozo...
 E o canto do vento não é teu gemido e acho eu que vida não é só tua alma...
 E eu, que tudo isso percebo, não me importo de ver todo esse universo, tão pequeno e apático agora que és morta...
 Precisava, mais que a vida e o cosmo, saber se o ser que sou e sofro, definho e agora morro...
...se era eu e o mundo e Deus...
...se era eu e a existência e o tempo e a luz...
...ou se era tudo e nada um perdido sentimento de amor por ti.

Dario Pendragon


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...ou cale-se para sempre...