ativismo, poesia e o que mais eu quiser.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Mestre Poe e a Poesia Perfeita

             “O Corvo” é a poesia perfeita.
            Poe é exaltado como escritor, mais que merecidamente. Um ultra-romântico meio entre Bram Stocker e Tarantino, o cara é o início da literatura americana por ela mesma.
Mas é como poeta que é irretocável, imortal e alcançou a poesia perfeita. E ainda fez questão de dizer que foi fácil e que era o cara e que tudo que romantizavam era mentira. Matou a cobra e mostrou o pau, o motherfucker...
 Só que, em minha opinião (que de humilde nunca tem nada), o que se fala sobre O Corvo e Poe é mentira. Inclusive o que ele mesmo fala.
 Explico: Ele, depois de reconhecido e aclamado por lançar “O Corvo”, lançou um ensaio chamado “A Filosofia da Composição”, onde dá uns cascudos em Charles Dickens e mostra como “O Corvo” não teve nada de impulso artístico natural, intuição, mágica, pó-de-pirlimpimpim ou, como diria a Silvia, melhor professora da Belas-Artes, “baixou o espírito santo é bobagem !”; e sim foi uma construção calculada metódica e matematicamente.
 Duvideodó.
 Claro que ele trabalhava assim, como demonstra nA Filosofia; mas, parafraseando outro figurão, “A quem tem olhos de ver...” que veja a iconografia e alusões de Poe e verá o quanto existe (compreensivamente ocultos), algo de natureza mística e, fatalmente, espelhos de seus próprios sentimentos. Touché, Edgarzinho...
 Era doido de pedra, curtia uns goró forte, aditivos e sacanagem (vide título do post...).
 Eu gostaria que Doré dispensasse apresentações, mas já pouca gente manja o cara (pelo nome).
 Um dos grandes gravuristas da história, é, com certeza, o maior ilustrador da história. Se fodeu, ficou famoso no mundo e no tempo, tornou mais belas as mais belas obras de literatura, e ficou eternamente na sombra dos autores dos livros que ilustrou...
 A Divina Comédia, do grande Dante Alighieri (poesia em três livros responsável pela maior parte da nossa cultura no que tange céu, purgatório, paraíso e essas coisas. Sim, bem mais que a Bíblia. Adepto e Frater); Fausto, de Goethe; A Bíblia e Don Quixote, de Cervantes tá bom pra você ? Mas tem mais... Pergunta pro Oráculo e vá beber mais, depois. Depois !
 Trago os originais, aos que não puderem se deliciar mais por não conhecer o idioma, ofereço a sensação de observar a poesia da qual a tradução forçada do Pessoa e a prejudicada por Machado foi suplantada pela de Gondim da Fonseca que, sabe quem é ? Também não faço idéia... Se eu tiver coragem e cara de pau, postarei links onde vou gravar as duas versões recitadas (só pra mostrar e admirar, desculpando-me pelo meu inglês tosco de Neandertal...). Ilustrada por alguns dos trabalhos de Doré.
 Na obra resultante dos dois mestres juntos, a atmosfera é extraordinária, a cadência genial, a luminosidade soturna e linda, a temática terrivelmente bela... A perfeição em poesia em vórtice de sombras, angústia, terror, amor, medo, saudade, destino e beleza que não se repetirá... Nunca mais.

2 comentários:

  1. Aiai quantas noites Poe me acompanhou na cama, tenho que confessar "ele" é uma delicinha na cama rsrsrsr.
    Bom sobre o seu talento, não tem muito o que falar, mas quanto a esse paradoxo do EngenhoxArte, bom isso dá uma boa tese,resumindo creio eu assim como você, senhor Pendragron, que por mais que Poe diga que sua obra foi fruto da arte, no sentido Horaciano da coisa, em que a arte é o trabalho, é o poeta como artesão do poema, ele no fundo sabe que o Engenho é o elemento fundamental da poesia, engenho aqui como Inspiração... Ele pode sim ter uma queda gigante pela arte, mas o engenho não deixa de estar presente, por mais que ele tente negar ou melhor dizendo fingir que não está, é nítido que está SIM ali, esse fingir defendendo a arte como algo ÚNICO em O corvo, é o que faz dele único, pois ele provoca nos leitores a reflexão e a crítica... Uso as palavras de Pessoa(por ele mesmo):
    Autopsicografia

    O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.

    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.

    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração.


    ôôô caro Dario, vc, Poe, são ótimos fingiDORES, e NEVERMORE vcs irão conseguir ser EXfingidores.... EXpoetas...

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  2. ...na Dor que deveras sentimos...
    Motiva-me algo que merece novo post...

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...ou cale-se para sempre...